Sexta, 27 de Junho de 2025
Um vídeo de câmera de segurança capturou o momento em que João Augusto Borges de Almeida incendiou os corpos de Vanessa Eugênia Medeiros, sua companheira, e da filha do casal, Sophie Eugênia Borges Medeiros, de apenas 10 meses. O crime ocorreu na Rua Desembargador Ernesto Borges, no Núcleo Industrial Indubrasil, em Campo Grande, na noite de 26 de maio deste ano.
Nas imagens, um carro modelo Gol chega ao local por volta das 21h50. Oito minutos depois, as chamas já são visíveis à distância, e João Augusto deixa o local em menos de um minuto.
Depoimento chocante
Um adolescente de 17 anos, colega de trabalho do acusado em uma distribuidora de bebidas, revelou em depoimento que João planejou o crime por duas semanas. O jovem afirmou que o assassino pedia ajuda e reclamava constantemente de Vanessa, dizendo que ela o impedia de fazer o que queria e que ele não desejava pagar pensão.
“Eu não acreditava que ele ia fazer isso. Ele me perguntou se eu conhecia alguém para fazer o corre de ‘passar’ duas pessoas. Depois disse que ele mesmo ia fazer. Eu perguntei se ele ia matar mesmo, ele disse que ia enforcar. Falei para ele não matar a criança, mas dar para alguém”, relatou o adolescente.
Segundo o depoimento, João vivia irritado e reclamava que a companheira o proibia até de jogar futebol com os amigos. No dia do crime, ele alterou seu horário de intervalo e, ao retornar, apareceu com arranhões no pescoço e um dedo sangrando.
“Ele estava desesperado. Chegou em mim e disse ‘matei’, depois saiu andando e pediu para o encarregado para ir no posto porque havia se machucado em uma queda”, contou o jovem.
Fuga e confissão
João foi a uma unidade de saúde, pegou o carro e desapareceu. Logo depois, enviou uma mensagem de áudio confessando que os corpos estavam no porta-malas e que seus ferimentos foram causados por Vanessa, que o mordeu durante a agressão.
“Ninguém acreditou nele. Eu falei para ele não matar a criança. Ele ainda disse que ia botar fogo nos corpos lá para os lados do Céuzinho”, finalizou o adolescente.
Denúncia por duplo feminicídio
O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) denunciou João Augusto por duplo feminicídio qualificado e ocultação de cadáveres. Os promotores Livia Carla Guadanhim Bariani e José Arturo Iunes Bobadilla Garcia afirmam que os assassinatos ocorreram por “razões da condição do sexo feminino”.
De acordo com a denúncia, João asfixiou Vanessa e Sophie no quarto do casal, voltou ao trabalho e, no fim do dia, transportou os corpos no carro, comprou combustível e ateou fogo nos corpos antes de fugir.
Agravantes do crime
No caso de Vanessa, o MP destacou que o crime foi cometido na presença da filha, com crueldade e recurso que impossibilitou sua defesa. Quanto a Sophie, além da idade (menos de 14 anos), o assassinato também foi classificado como torpe, já que João agiu por ódio e para evitar responsabilidades paternas.
O MPMS pede indenização à família das vítimas por danos morais e que o caso seja julgado por júri popular.