Uma adolescente de 15 anos foi esfaqueada por uma colega de escola na noite desta quarta-feira (25), logo após o fim das aulas, em frente à Escola Estadual Ulisses Serra, no Núcleo Industrial Indubrasil, em Campo Grande. O crime ocorreu por volta das 22h30, na Rua Roda Velha, do lado de fora do portão da unidade.

A agressão foi registrada em vídeo por outros estudantes e mostra o momento em que as adolescentes se envolvem em uma briga. A jovem de casaco branco cai sobre a outra e, em seguida, retira uma faca do bolso, golpeando a vítima. Uma terceira aluna tenta intervir sem sucesso, e somente após o ataque um menino empurra a agressora, que cai no chão. Aproximadamente 10 jovens presenciam a cena.

Nas imagens, a vítima aparece sendo amparada por dois colegas. É possível ouvir um menino dizendo “ai, não, louco” e uma garota comentando “arrancou sangue”.

Segundo uma comerciante de 33 anos que testemunhou o ataque, a confusão começou ainda dentro da escola. A aluna de casaco branco já teria sido expulsa de outra unidade por comportamento violento. O motivo, de acordo com o relato, seria que a vítima teria olhado “de cara feia” para a agressora, que então prometeu atacá-la na saída.

“Não pensei duas vezes. A menina deu uma facada na cabeça e na mão dela. O ferimento atingiu o tendão da mão, ela passou por cirurgia. Rasparam a cabeça dela para acessar o ferimento. Ela estava toda ensanguentada”, relatou a comerciante.

A adolescente foi levada inicialmente à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Bairro Santa Mônica e depois transferida para um hospital. “O tempo todo me pedia para não abandonar ela. O pai dela foi para a Santa Casa e eu só saí de lá quando ele chegou”, completou a testemunha.

Ela também negou os boatos que circulam nas redes sociais de que a briga teria sido motivada por disputa amorosa. “Não foi por briga de menino, como estão falando nos grupos. A menina não teve culpa. Estou até agora com os gritos dela na cabeça, pedindo ajuda. Ela é tão magrinha, pequena, a outra dá duas dela.”

Estado emocional abalado

O irmão da vítima conversou com o Campo Grande News e relatou o choque ao receber a mensagem da irmã informando que havia sido esfaqueada. “Fui a primeira pessoa que ela entrou em contato depois que aconteceu. Eu a esperava em casa para ela jantar, tomar banho e dormir. Cuido dela desde sempre”, contou, emocionado.

Segundo ele, a adolescente já sofria de ansiedade, quadro que se agravou após o ataque. “Ela sofreu uma tentativa de homicídio. Foi muito grave, se não fossem os vizinhos e pessoas de bem, o pior podia ter acontecido.”

Abalado, ele descreveu o impacto emocional. “Foi muito triste, estou em choque. A gente não espera esse tipo de coisa. Pensa que ela vai para a escola em segurança e volta da mesma forma, mas ontem não foi o que aconteceu.”

A família já registrou boletim de ocorrência contra a agressora. A vítima, aluna do Ensino Médio, continua internada e deve passar por nova cirurgia na mão. Ela vive com o irmão e a mãe e estuda no período noturno por falta de vagas durante o dia.

O irmão afirmou que, segundo o que lhe foi informado, a agressora teria se irritado com um olhar da vítima. “Essa moça que estava com a faca encucou que a minha irmã estava olhando feio para ela. E ela respondeu ‘eu não te olhei’. Elas estavam no ponto de ônibus quando isso aconteceu. Isso foi o que chegou para mim, mas eu não estava presente.”

Ao descobrir que a irmã havia levado uma facada na cabeça, ele relata ter “perdido o chão”. “Minha irmã tentou se defender a todo tempo. Eu vi o vídeo e nem tenho estômago para ver de novo. Estamos em choque. Minha irmã é muito gente boa, tem boa índole, tem o sonho de estudar, fazer faculdade, trabalhar.”

A direção da escola telefonou para a família, mas até o momento, eles não foram informados sobre o paradeiro da agressora.

Ações institucionais

A Secretaria de Estado de Educação (SED) informou por nota que acompanha o caso e colabora com a investigação, em conjunto com os órgãos policiais. “A direção da escola segue o protocolo estabelecido pela Rede Estadual de Ensino, conforme previsto no Regimento Escolar. Os pais ou responsáveis dos envolvidos já foram acionados e serão orientados sobre o conflito e sua motivação, com todos os procedimentos devidamente registrados pela equipe gestora.”

A SED também declarou que o caso foi inserido no Sistema de Notificação de Ocorrências Escolares (SNOE) e encaminhado ao Conselho Tutelar. A Polícia Militar, por meio da Ronda Escolar, foi acionada, e a Polícia Civil já está tomando as providências cabíveis.

Como forma de prevenção, a SED destaca que disponibiliza orientações, manuais e ações específicas para lidar com conflitos e promover segurança no ambiente escolar.