
O ex-presidente Jair Bolsonaro tentou violar sua tornozeleira eletrônica utilizando um ferro de solda na última sexta-feira, 21 de novembro de 2025. A informação foi revelada em um relatório da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seap), encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), que inclui um vídeo no qual o próprio ex-presidente admite a avaria no equipamento de monitoramento. Ele justificou o ato como "curiosidade".
A tentativa de abrir o equipamento ocorreu no final da tarde de sexta-feira, culminando em um alerta de violação emitido pelo sistema do Centro Integrado de Monitoração Eletrônica (CIME) às 00h07 de sábado, 22 de novembro de 2025. Horas depois, na manhã do mesmo dia, Bolsonaro foi detido pela Polícia Federal em decorrência do descumprimento das condições de monitoramento eletrônico, que vigoravam desde agosto.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou a retirada do sigilo sobre o relatório e o vídeo fornecidos pela Seap. Ele estabeleceu um prazo de 24 horas para que a defesa de Bolsonaro se manifeste sobre a flagrante tentativa de violar a tornozeleira eletrônica, ressaltando a gravidade do ocorrido e as implicações legais para o ex-mandatário.
“O equipamento possuía sinais claros e importantes de avaria. Haviam marcas de queimadura em toda sua circunferência, no local de encaixe/fechamento do case. No momento da análise o monitorado foi questionado acerca do instrumento utilizado. Em resposta, informou que fez uso de ferro de solda para tentar abrir o equipamento”, detalhou o relatório da Seap.
Em virtude da violação constatada, a tornozeleira eletrônica de Bolsonaro foi imediatamente substituída por um novo equipamento, a fim de restabelecer o monitoramento de suas atividades e garantir a conformidade com as determinações judiciais impostas. Essa ação foi uma das bases para a decisão do STF.
A decisão de prisão preventiva, conforme explicitado pelo ministro Alexandre de Moraes, considerou tanto a violação da tornozeleira quanto a convocação, na mesma sexta-feira, de uma vigília de orações pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) próxima à residência onde o pai cumpria prisão domiciliar. Moraes avaliou que essa reunião pública poderia gerar tumulto e, potencialmente, facilitar uma "eventual tentativa de fuga do réu".
Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão na ação penal que investiga a trama golpista, e a execução das penas, tanto para ele quanto para os demais seis réus, é aguardada para as próximas semanas. A Primeira Turma do STF já rejeitou os embargos de declaração apresentados pelas defesas, que visavam reverter as condenações e evitar o regime fechado.
O prazo final para a apresentação dos últimos recursos pelas defesas encerra-se neste domingo, 23 de novembro de 2025. Caso esses recursos sejam igualmente rejeitados pela Justiça, as prisões serão efetivamente executadas. Na sexta-feira, a defesa do ex-presidente havia solicitado a concessão de prisão domiciliar humanitária para Bolsonaro, alegando doenças permanentes que requerem "acompanhamento médico intenso".
Contudo, o pedido de prisão domiciliar humanitária foi categoricamente negado pelo ministro Alexandre de Moraes neste sábado. A equipe jurídica do ex-presidente, por sua vez, já comunicou publicamente que irá recorrer da recente decisão de prisão preventiva, buscando reverter a medida imposta e as demais implicações legais decorrentes do ocorrido.